Um é adjetivo, o outro substantivo, mas para além da gramática estas duas palavras – sustentável e sustentabilidade, têm significados que na prática se complementam. Segundo a bióloga e presidente do Instituto Venturi Para Estudos Ambientais, Arlinda Cézar, a literatura sobre o assunto esclarece que sustentabilidade não tem uma definição conclusiva, mas seus diferentes pontos de vista elencam aspectos comuns de ações sustentáveis tais como: uso eficiente dos recursos naturais, respeito pelos limites de suporte e capacidade de carga dos sistemas naturais, consideração pelas gerações que estão por vir, criação de um sistema econômico onde a gestão empresarial e a gestão ambiental sejam harmônicas, aproximação dos modelos econômicos dos modelos da ecologia.
“Apesar de já terem sido desenvolvidos muitos instrumentos para medir a sustentabilidade, o grande desafio continua sendo tirar esse termo do discurso para a prática. Concluímos, então, que quando saímos da base conceitual, definitivamente, não estamos falando a mesma língua”, pontua ela.
Ela ressalta que, antes de tudo, sustentabilidade traz um conceito sistêmico. “O que significa dizer que envolve muitas variáveis em um equilíbrio dinâmico. E uma das suas dimensões – o meio ambiente – é um sistema aberto, sofrendo influência das outras dimensões, o que torna essa equação bastante complexa para ser compreendida num conceito único”, explica.
A arquiteta Lúcia Zanin Shimbo, docente da Universidade de São Paulo, defendeu em sua publicação Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo: um ponto sempre presente, publicada na Risco Revista, que existem duas tendências de estudos que apoiam a compreensão da sustentabilidade quando o assunto é cidades e edifícios.
“A primeira diz respeito às transições sociotécnicas, dentro do campo ampliado das ciências e tecnologia (mais conhecido pelo acrônimo em inglês STS: Sciences, Technology and Society), que decompõem a complexidade do fenômeno em sistemas de transição para futuros sustentáveis. Esses sistemas, que englobam tecnologias, instituições, práticas e estratégias de negócios, co-evoluem para produzir trajetórias mais ou menos voltadas à economia de baixo carbono, que procura reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A segunda tendência se refere à economia política urbana que procura analisar as coalizões, as agências, as estratégias dos diferentes agentes da produção e da governança urbana que, por sua vez, procuram implementar aquelas inovações sócio-técnicas”, escreveu.
De acordo com o artigo, diante da realidade populacional de concentração territorial e de consumo de bens naturais, tais como energia e materiais – ambos de suma necessidade para a manutenção da vida e produção econômica, o tema da sustentabilidade é apreciado nos processos de urbanização e construção civil. E tem sido discutida em quatro dimensões: a forma urbana, o ambiente, a economia e a equidade, pautando temas como “cidade compacta”, da “eco-cidade” e Novo Urbanismo.
A alta procura por “cidade sustentável” aponta a preocupação do consumidor, cada vez mais atento aos impactos do habitar. Um termo que pode ser abordado por dois vieses: primeiro pelo planejamento das estruturas em harmonia com o meio ambiente, depois pela qualidade da construção e os seus impactos.
No artigo, Lúcia ressalta o arquiteto e ecologista, Ken Yeang, como pioneiro na integração entre arquitetura e ecossistemas, desenvolvendo projetos que unissem a preservação do ecossistema ao ciclo de vida das edificações. Além disso, pontua a força das certificações para a garantia de sustentabilidade nos empreendimentos, as quais realizam “a avaliação de desempenho de sustentabilidade de edifícios, componentes e materiais construtivos, bem como do ambiente imediato a eles”, descreve.
Os sistemas de classificação de sustentabilidade em edifícios mais difundidos atualmente são Building Research Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM, Inglaterra) e Leadership in Energy and Environmental Design (LEED, Estados Unidos), os quais mensuram a qualidade através de pontuação de aspectos como Análise de Ciclo de Vida e diretrizes de ESG.
NOVO URBANISMO
Na construção civil brasileira, a Artesano se destaca ao remodelar o modo de construir colocando como prioridade o morar sustentável através de um planejamento pautado pela inovação e pela sustentabilidade para ir além da diminuição de impactos, mas também para construir novas possibilidades para o habitar – unindo preservação, conscientização e bem-estar.