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Gás encanado como fonte diversificada de energia
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Alexandre Schimming (gerente geral de obras). Crédito da foto: Toar

Em um bate-papo, o gerente geral de obras, Alexandre Schimming, e o gerente de engenharia, Vinícius Grecco, contam sobre a instalação do gás encanado no novo empreendimento da Artesano Urbanismo – o Artesano Galleria, e seus benefícios e importância no desenvolvimento sustentável da sociedade.

Qual o tipo de gás mais usado em condomínio?


Vinícius:
Na verdade são dois tipos de gás que existem no mercado. O GLP, Gás Liquefeito do Petróleo, que é o gás mais comum, aquele de botijão. E o gás natural, esse que a Comgás – Companhia de Gás de São Paulo, está fazendo a expansão da rede pelo interior paulista, que é retirado direto do litoral de Santos (SP), onde a empresa faz a extração. 

A grande diferença dos dois e que é interessante para condomínios é a praticidade e menor impacto. Com a Comgás no Galleria, hoje a gente tem toda a rede executada e o gás comissionado junto nessa rede. Então, quando o morador do condomínio pedir a interligação, ele só faz uma rede independente na sua casa e coloca o gás natural.

No passado não existia essa interligação direta com a Comgás, os condomínios quando ofereciam a solução de gás, eles faziam uma central de gás, com os botijões PC130, que distribuíam o gás para dentro do condomínio.  Ou ainda, uma solução independente, em que cada morador vai comprar um botijão e instalar a opção na sua casa.

 
 

Quais as vantagens do gás natural em comparação ao GLP?

Vinícius: O gás natural é um gás mais leve, menos poluente. Porque, quando ele queima, a queima é mais pura, emitindo um CO2 mais puro, sem tantos componentes, em comparação ao gerado pelo GLP. Para o consumidor, ele tem uma chama mais forte que permite que os alimentos tenham um melhor cozimento, permite que o sistema de aquecimento seja mais eficiente, o aquecedor a gás vai garantir o aquecimento da água para uma ducha quente com mais qualidade que um chuveiro elétrico na maioria das vezes. 

E tem a questão da segurança do condomínio também. Com o GLP acaba existindo uma brecha na segurança, porque é mais uma abertura de entrada e saída de fornecedores para reabastecimento. Com o gás natural o fornecimento é intermitente porque é via tubulação.

 
 

Por que a Comgás foi escolhida como parceira?


Vinicius:
A Comgás estava em um plano de expansão, e ela enxergou os loteamentos em execução como clientes em potencial. Trazê-la como parceira do Galleria, instalando a rede de gás natural no momento de obra do condomínio é um diferencial. Um processo que, lá na frente, o nosso cliente só vai precisar pedir a interligação, usufruindo de todos os benefícios que o gás natural proporciona. Aquecimento, aquecimento da água, fogão com a melhoria da chama. Sem obras após a entrega do condomínio para instalação desse benefício, como era realizado no passado.

Alexandre: A grande questão com a Comgás é o processo de instalação da rede de gás durante a construção do condomínio e o ganho que proporciona para o loteamento através da racionalização. Porque a gente constrói um loteamento inteiro do zero, abre as valas, passa as redes, tem todo um processo. Aí não faz sentido você realizar a instalação de uma nova rede depois de um loteamento racional pronto. Você tem retrabalho ao fazer isso, além de gerar resíduo para construir essa rede, quebra calçada de um morador que já estava com tudo pronto, quebra rede de água, tem uma série de questões relacionadas ao processo construtivo. Você constrói e depois você reconstrói. O impacto se torna absurdo, é muito grande.

Vinícius Grecco (gerente de engenharia). Crédito da foto: Toar

Em que aspecto da sustentabilidade a opção pelo gás natural se enquadra?


Vinícius:
 Quando você traz a possibilidade de instalação da rede de gás para o início do processo, para o momento de construção do condomínio, o cliente já pede a interligação sem estar com a calçada dele construída, porque o Galleria vai entregar para ele o espaço com calçamento e grama, e aí depois, com tudo isso pronto, que o cliente vai executar a construção da calçada dele conforme seu projeto na frente do lote. Assim, se diminui o impacto e não se gera resíduo na ponta.
 
No ponto de vista da sustentabilidade do negócio, quando alinhamos com a Comgás, mostramos para eles que com a possibilidade de instalação da rede de gás com a obra do condomínio acontecendo, ou seja, com a instalação de outras redes acontecendo, o processo se torna mais econômico e a execução facilitada. 
 
Afinal, um dos impactos gerados quando você decide fazer uma rede após a entrega do condomínio é a degradação da infraestrutura, quebrando rede de esgoto, rede de água, danifica a rede elétrica e pode causar dano à uma vida, porque nós trabalhamos com redes elétricas de alta tensão. Então, antecipando tudo isso você proporciona uma segurança na operação também. Quando colocamos esses pontos para a Comgás eles concordaram que fazia sentido para a companhia [atuar desta forma]. O condomínio já nasce com gás natural e a adesão se torna mais possível.
 
Alexandre: A infraestrutura de um loteamento é basicamente a estrutura e redes. Então, estamos alocando uma rede que é de total valia para o cliente. E outra coisa que também vai acontecer, o próximo passo, será quando o cliente for fazer o projeto da casa dele, esse projeto também já vai nascer com a rede de gás, não sendo preciso realizar obra interna para incluir essa opção.
 
Quando a gente perde essa oportunidade, o cliente dá preferência ao GLP, que é proveniente do petróleo, um gás que vem com uma série de outros componentes que causam um impacto ainda maior para o meio ambiente. Enquanto o gás natural é um gás mais limpo. E aí, acho que a principal questão para a sociedade como um todo, que é um desafio dos próximos anos pra gente e para as próximas gerações, é a questão de energia, dos resíduos e do lançamento de carbono na atmosfera. 
 
Quando a gente pensa pelo lado estratégico do gás, a gente está oferecendo um outro modelo de energia, que no futuro a gente vai precisar muito porque vai ter escassez de energia elétrica. Então, proporcionamos para o cliente mais uma opção de energia, uma energia mais limpa e instalada com menos impacto dentro do processo de obra. Isso é um ganho expressivo.
 

De que forma a diversificação energética colabora com o desenvolvimento de uma sociedade sustentável?


Vinícius:
 O Brasil, de um ponto de vista estratégico tem que garantir diversificação da matriz energética, esse é o ponto. Independente de ser uma matriz que emita um pouco de CO₂. Temos que olhar a cadeia como um todo. O GLP, por exemplo, ele vai ser extraído, pressurizado dentro do botijão, só que pensa toda a logística de entrega deste produto. Você tem a carreta que leva para o distribuidor, aí o distribuidor vai pegar o carro e entregar os botijões nas residências. O gás natural não tem esse processo, e do ponto de vista da sustentabilidade é isso, você tem uma rede interna que leva esse gás da ponta até o cliente final, sem causar o impacto gerado pelo sistema logístico. Apesar de ser uma opção energética que emite CO₂, do ponto de vista de matriz energética eu estou garantindo diversificação do tipo de energia que eu estou usando. Pensando nesse aspecto, estamos conseguindo o melhor rendimento com o menor gasto, então é muito melhor você gastar, por exemplo para cozinhar ou para aquecer, o gás natural do que energia elétrica. 
 
Isso porque vivemos um momento de escassez hídrica. Quando chega o período de estiagem em janeiro, fevereiro e março, os nossos recursos de energia elétrica estão com todos os reservatórios baixos atendendo basicamente 70% da matriz energética brasileira, uma conta tarifária que não é sustentável. O governo impõe imposto justamente por esse cenário, para diminuir o consumo. 

Você pode ter mais eficiência e sustentabilidade escolhendo outro método de utilização de energia.
 
Alexandre: Precisamos olhar para a matriz energética de uma forma fechada. O recurso da energia elétrica não é ilimitado, e ela tem uma série de outras questões importantes como: o consumo hídrico no barramento, o cabeamento dessa rede elétrica por trechos longos, ou seja, você tem uma série de limitações que causam impacto ambiental. A grande questão da sociedade é que a gente vai ter que trabalhar com energias racionalizadas e com um leque variado de fontes de energia. 
 
Nós temos o GLP, mas olhe para a cadeia desse gás, ela tem um impacto grande no todo. Com o gás natural, a gente começa a tirar os caminhões das estradas, diminuindo o impacto do tráfego de veículos, diminuindo o consumo de peças de caminhões, e todas essas coisas relacionadas à necessidade do transporte do gás. No futuro teremos que ter diversificação na matriz energética e a energia mais sustentável possível. A gente nunca vai conseguir atingir a produção de energia que é zero impacto. Nem a solar é, porque tem uma série de outras questões que envolvem o processo de produção.
 
Vinícius: Quando a gente olha para a cadeia de produção como um todo, não é. Então tem que pensar na diversificação. Quando você diversifica, você desabastece um sistema que vai entrar em colapso, que é o sistema de energia elétrica do Brasil, que não está preparado para a carga que nós estamos colocando sobre ele.
 
Em um sistema elétrico a energia é produzida na usina, transportada por linha, e essas linhas, do ponto de vista urbano também não são boas para uma cidade porque você segrega os espaços. Então a partir do momento que eu tiver diversificação da matriz energética eu não vou precisar ter linhas para levar energia elétrica de um ponto x para um y. Eu consigo desabastecer um sistema, eu posso usar energia do gás onde ele é mais eficiente, e vou usar a energia elétrica dentro de um sistema racionalizado de uma maneira mais flat.
 
Alexandre: A  diversificação de energia é uma questão de tirar o melhor de cada energia, sendo ela a mais limpa possível, o que no futuro será importantíssimo. Quando a gente começar a atingir essa gama de diversificação e começar a fechar esse circuito, a gente começa a ser sustentável como sociedade. 
 
O maior desafio do ESG não é construir, não é criar processos, é mudar a mentalidade das pessoas. Porque quando a gente começa a pensar diferente tem um universo de oportunidades. 


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