Em que aspecto da sustentabilidade a opção pelo gás natural se enquadra?
Vinícius: Quando você traz a possibilidade de instalação da rede de gás para o início do processo, para o momento de construção do condomínio, o cliente já pede a interligação sem estar com a calçada dele construída, porque o Galleria vai entregar para ele o espaço com calçamento e grama, e aí depois, com tudo isso pronto, que o cliente vai executar a construção da calçada dele conforme seu projeto na frente do lote. Assim, se diminui o impacto e não se gera resíduo na ponta.
No ponto de vista da sustentabilidade do negócio, quando alinhamos com a Comgás, mostramos para eles que com a possibilidade de instalação da rede de gás com a obra do condomínio acontecendo, ou seja, com a instalação de outras redes acontecendo, o processo se torna mais econômico e a execução facilitada.
Afinal, um dos impactos gerados quando você decide fazer uma rede após a entrega do condomínio é a degradação da infraestrutura, quebrando rede de esgoto, rede de água, danifica a rede elétrica e pode causar dano à uma vida, porque nós trabalhamos com redes elétricas de alta tensão. Então, antecipando tudo isso você proporciona uma segurança na operação também. Quando colocamos esses pontos para a Comgás eles concordaram que fazia sentido para a companhia [atuar desta forma]. O condomínio já nasce com gás natural e a adesão se torna mais possível.
Alexandre: A infraestrutura de um loteamento é basicamente a estrutura e redes. Então, estamos alocando uma rede que é de total valia para o cliente. E outra coisa que também vai acontecer, o próximo passo, será quando o cliente for fazer o projeto da casa dele, esse projeto também já vai nascer com a rede de gás, não sendo preciso realizar obra interna para incluir essa opção.
Quando a gente perde essa oportunidade, o cliente dá preferência ao GLP, que é proveniente do petróleo, um gás que vem com uma série de outros componentes que causam um impacto ainda maior para o meio ambiente. Enquanto o gás natural é um gás mais limpo. E aí, acho que a principal questão para a sociedade como um todo, que é um desafio dos próximos anos pra gente e para as próximas gerações, é a questão de energia, dos resíduos e do lançamento de carbono na atmosfera.
Quando a gente pensa pelo lado estratégico do gás, a gente está oferecendo um outro modelo de energia, que no futuro a gente vai precisar muito porque vai ter escassez de energia elétrica. Então, proporcionamos para o cliente mais uma opção de energia, uma energia mais limpa e instalada com menos impacto dentro do processo de obra. Isso é um ganho expressivo.
De que forma a diversificação energética colabora com o desenvolvimento de uma sociedade sustentável?
Vinícius: O Brasil, de um ponto de vista estratégico tem que garantir diversificação da matriz energética, esse é o ponto. Independente de ser uma matriz que emita um pouco de CO₂. Temos que olhar a cadeia como um todo. O GLP, por exemplo, ele vai ser extraído, pressurizado dentro do botijão, só que pensa toda a logística de entrega deste produto. Você tem a carreta que leva para o distribuidor, aí o distribuidor vai pegar o carro e entregar os botijões nas residências. O gás natural não tem esse processo, e do ponto de vista da sustentabilidade é isso, você tem uma rede interna que leva esse gás da ponta até o cliente final, sem causar o impacto gerado pelo sistema logístico. Apesar de ser uma opção energética que emite CO₂, do ponto de vista de matriz energética eu estou garantindo diversificação do tipo de energia que eu estou usando. Pensando nesse aspecto, estamos conseguindo o melhor rendimento com o menor gasto, então é muito melhor você gastar, por exemplo para cozinhar ou para aquecer, o gás natural do que energia elétrica.
Isso porque vivemos um momento de escassez hídrica. Quando chega o período de estiagem em janeiro, fevereiro e março, os nossos recursos de energia elétrica estão com todos os reservatórios baixos atendendo basicamente 70% da matriz energética brasileira, uma conta tarifária que não é sustentável. O governo impõe imposto justamente por esse cenário, para diminuir o consumo.
Você pode ter mais eficiência e sustentabilidade escolhendo outro método de utilização de energia.
Alexandre: Precisamos olhar para a matriz energética de uma forma fechada. O recurso da energia elétrica não é ilimitado, e ela tem uma série de outras questões importantes como: o consumo hídrico no barramento, o cabeamento dessa rede elétrica por trechos longos, ou seja, você tem uma série de limitações que causam impacto ambiental. A grande questão da sociedade é que a gente vai ter que trabalhar com energias racionalizadas e com um leque variado de fontes de energia.
Nós temos o GLP, mas olhe para a cadeia desse gás, ela tem um impacto grande no todo. Com o gás natural, a gente começa a tirar os caminhões das estradas, diminuindo o impacto do tráfego de veículos, diminuindo o consumo de peças de caminhões, e todas essas coisas relacionadas à necessidade do transporte do gás. No futuro teremos que ter diversificação na matriz energética e a energia mais sustentável possível. A gente nunca vai conseguir atingir a produção de energia que é zero impacto. Nem a solar é, porque tem uma série de outras questões que envolvem o processo de produção.
Vinícius: Quando a gente olha para a cadeia de produção como um todo, não é. Então tem que pensar na diversificação. Quando você diversifica, você desabastece um sistema que vai entrar em colapso, que é o sistema de energia elétrica do Brasil, que não está preparado para a carga que nós estamos colocando sobre ele.
Em um sistema elétrico a energia é produzida na usina, transportada por linha, e essas linhas, do ponto de vista urbano também não são boas para uma cidade porque você segrega os espaços. Então a partir do momento que eu tiver diversificação da matriz energética eu não vou precisar ter linhas para levar energia elétrica de um ponto x para um y. Eu consigo desabastecer um sistema, eu posso usar energia do gás onde ele é mais eficiente, e vou usar a energia elétrica dentro de um sistema racionalizado de uma maneira mais flat.
Alexandre: A diversificação de energia é uma questão de tirar o melhor de cada energia, sendo ela a mais limpa possível, o que no futuro será importantíssimo. Quando a gente começar a atingir essa gama de diversificação e começar a fechar esse circuito, a gente começa a ser sustentável como sociedade.
O maior desafio do ESG não é construir, não é criar processos, é mudar a mentalidade das pessoas. Porque quando a gente começa a pensar diferente tem um universo de oportunidades.